Muito se especula sobre a procedência do idealizador do Santuário do Senhor Bom Jesus do Matosinhos, contudo, em 2019, uma informação foi passada ao Museu de Congonhas pelo pesquisador português Eduardo Pires Mendes. Segundo o historiador, Feliciano Mendes foi batizado no dia 11 de junho de 1726, em Santa Maria de Gêmeos, na região de Guimarães. No século XVIII, não existia o registro de nascimento, o batismo era a comprovação da chegada do menino ao convívio da família. Feliciano foi cristianizado um dia após o seu nascimento. Estas informações são importantes e trouxeram um novo direcionamento para pesquisas, contudo, acredito que ainda não sejam conclusivas, pois, falta o registro da embarcação e o dia da chegada ao Brasil. Vamos entender como tudo começou: A situação econômica de Portugal, país de pequena extensão territorial e poucos recursos naturais, criaram o contexto que forçou diversos jovens, como Feliciano Mendes, a virem para o Brasil, do que este município especificamente se beneficiou. A chegada a estas terras teve o mesmo objetivo de outros tantos jovens, ou seja, fazer fortuna na mineração e retornar para o convívio familiar. Mas muitos deles criavam vínculos familiares, sociais e econômicos e ficaram por aqui mesmo. A história de Feliciano Mendes não tem uma ordem cronológica dos fatos. Logo, do seu nascimento em 1726 passamos para o ano de 1756, quando minerava ouro às margens do Rio Maranhão e contraiu uma grave doença, fez uma promessa ao Bom Jesus de Matosinhos e recebeu a cura como graça. No ano de 1757 fixou uma cruz no alto do morro do Maranhão e depois reformou a ermida primitiva. Tempos depois vai até Mariana requerer das autoridades eclesiásticas a autorização para construir uma capela no alto do Sítio Boa Vista, solicita também ao Rei de Portugal o credenciamento para se tornar Ermitão e assim obter a permissão para pedir esmolas. Em pouco tempo é concedida a autorização e o título. Então, no dia 6 de outubro de 1757 compra o escravo chamado Sebastião para ajudar na sua missão de fé e manda fazer um oratório. A caminhada pelas terras mineiras seria a oportunidade de pedir esmolas e demonstrar toda a sua gratidão pela graça alcançada. As contribuições eram recebidas em diferentes formas de aportes, como: escravos, ouro, dinheiro e propriedades. No final de 1757, inicia-se o projeto de edificação do templo com inspiração no Santuário do Bom Jesus do Monte, em Braga. Sete anos se passaram, as obras estavam bem adiantadas, faltavam as duas torres e os altares laterais consagrados a Santo Antônio e São Francisco de Paula. Para dar continuidade aos trabalhos o Ermitão resolve ir até Antônio Pereira para pedir esmolas. Tudo transcorria dentro do previsto quando o destino mais uma vez se encarrega de mudar o curso da história. Na segunda-feira do dia 23 de setembro de 1765, morre Feliciano Mendes, aos 39 anos, distante da sua grande obra, a capela do Bom Jesus. Com o falecimento de Feliciano Mendes vários administradores passaram pela construção do Santuário. No ano de 1794, Vicente Freire assume a coordenação das obras. Para dar prosseguimento aos trabalhos, em agosto de 1796 contrata o mestre Aleijadinho para fazer os Passos da Paixão e os Profetas.