Vicente Coelho de Seabra Silva Telles nasceu na então freguesia de Congonhas do Campo, pertencente à época a Vila Rica (Ouro Preto) no ano de 1764. Era filho do alferes Manoel Coelho Rodrigues e de Josefa Francisca de Ávila e Silva Figueiredo. Tinha como irmãos Maria Josefa de Ávila e Silva Figueiredo; Ana Francisca de Ávila e Silva; Francisca Avila Silva; José Coelho de Seabra e Jose Coelho de Seabra.

Casou-se com Francisca Bárbara Pinheiro Pimentel e dessa união tiveram a filha Josefa Mariana de Ávila Coelho de Seabra.

Depois de completar os estudos elementares e preparatórios no Brasil, matriculou-se nos cursos de Matemática e Filosofia (16/10/1783) e de Medicina (19/10/1786) na Universidade de Coimbra em Portugal.

Obteve os graus de Bacharel em Filosofia em 22/6/1786 e de doutor na mesma Faculdade em 13/3/1791. Quase em simultâneo, concluiu o bacharelado em Medicina em 06/07/1790 e a formatura no mesmo curso em 30/07/1791.

Na Universidade de Coimbra foi demonstrador de Química (1791-1795), Metalurgia (1791-1795) e Professor substituto de Zoologia (1795-1801), Botânica (1795-1801) e Química (1801-1804). Foi doutorado graciosamente por carta régia de 24/1/1791.

Eleito sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa em 2/8/1789, sócio livre em 1/4/1791 e sócio efetivo da classe de Ciências Naturais em 13/1/1798. Em sua homenagem a Sociedade Portuguesa de Química criou a Medalha Vicente de Seabra.

Publicou vários artigos nas Memórias da Academia Real das Ciências e algumas obras, entre as quais: Dissertação sobre a Fermentação Geral e suas espécies (1787); Memória sobre a Cultura do Rícino ou Mamona (1791); Memória sobre o Método de Curar a Ferrugem das Oliveiras (1792); Memória sobre a Cultura das Vinhas e Manufactura do Vinho; Memória em que se dá notícia das diversas espécies de Abelhas que dão Mel, próprias do Brasil e desconhecidas na Europa (1799); Memória sobre a Cultura do Arroz em Portugal e suas Conquistas (1780); História, e Cura das Enfermidades mais usuaes do Boi, e do Cavalo (2 vol.) (tradução); Elementos de Química; oferecidos à Sociedade Literária do Rio de Janeiro para uso do seu curso de Química (2 vols.; Coimbra, 1788-1790); Dissertação sobre o calor; oferecida ao Sr. José Bonifácio de Andrada e Silva (Coimbra, 1788); Memória sobre os prejuízos causados pelas sepulturas dos cadáveres nos templos e métodos de os prevenir (Lisboa, 1800); Nomenclatura química portuguesa, francesa e latina; a que se ajusta o sistema de caracteres químicos adotados a esta nomenclatura por Hassen,Graetz e Adet (Lisboa, 1801).

Sua contribuição científica mais importante, entretanto, foi na química onde escreveu o primeiro livro em português a abandonar a teoria do flogisto, e optando pela nova química de Lavoisier.

Em Portugal foi um dos pioneiros a introduzir e difundir a nomenclatura e a química pneumática de Lavoisier, sendo publicado em 1788 o primeiro volume dos seus Elementos de Chimica, um ano antes do Traité Élémentaire de Chimie de Lavoisier.

Também devemos destacar a sua obra Nomenclatura Chimica Portugueza, Franceza e Latina, que agrega-se ao systema de characteres chimicos, publicada em 1801, sendo uma tradução para o português da terminologia de Lavoisier, que foi adotada e é utilizada até os dias atuais, com pequenas alterações.

Além da Química, Telles também fez pesquisas relativas para a agricultura e também para a higiene, apresentada e publicada nas Memórias da Academia das Ciências de Lisboa.

Vicente Coelho foi biografado, pela primeira vez, por Francisco Adolfo Varnhagen, em 1847, na seção Biografia dos Brasileiros distintos por letras, armas, virtudes, etc., da Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB).

Em um texto hagiográfico e sucinto, Varnhagen destaca o pioneirismo de Seabra Telles em sua maior obra, o compêndio Elementos de Chimica, e refere-se às influências que sobre ele exerceram expoentes da ciência à época como Marquer, Morveau, Bertholet, Lavoisier e Fourcroy, estudiosos aos quais Seabra Telles recorre com frequência em seu livro.

Vicente Coelho veio a falecer em 25 de fevereiro de 1804, aos 40 anos, devido a sua saúde frágil, em Coimbra, Portugal. Com a vida totalmente dedicada à ciência, em particular a química, nada se sabe sobre sua vida particular.