Cônego Raimundo Otávio da Trindade (Nasceu em Barra Longa,20 de novembro de 1883, faleceu em Belo Horizonte a 2 de abril de 1962) tinha suas raízes não só em Barra Longa, há registro de que seu trisavô, José Francisco Pereira era de Congonhas, onde nasceu em 1737, conforme informação do próprio Cônego na sua obra Velhos Troncos Mineiros. Seu curso primário foi feito na Escola Mista de Rio Doce. Em seguida, ele frequentou o Externato São José, de Barra Longa, e matriculou-se no Seminário de Mariana no dia 27 de setembro de 1899. Ordenou- se no dia 4 de abril de 1908, pelas mãos de Dom Silvério Gomes Pimenta. Foi vigário de Rio Doce, de São Domingos do Prata e, a partir de 1915, de Barra Longa.
“Jovem inteligente, metódico e muito estudioso, o Cônego Trindade, desde cedo, despertava a atenção com seus estudos. Ele mergulhou fundo nas prateleiras de velhas bibliotecas, nos arquivos de igrejas e museus, e especialmente nos arquivos da Cúria Metropolitana de Mariana, cuja papelada, amarelada pelo tempo e embolorada pelo desuso, estava a pedir que alguém de fina sensibilidade e ávido de saber, dela tirasse o bolor e o transformasse em ouro. Foi o que fizesse alquimista da História Mineira, tornando-se um dos maiores historiadores destas Minas Gerais, que escrevera a história da arquidiocese de Mariana, cujos primórdios se confundem com o próprio nascimento da história mineira. É intrigante como, tendo saído da mesma área e nascido no mesmo lugar, figuras tão diversas tenham produzido obras tão importantes, partindo de pontos tão diferentes. Refiro-me a três grandes historiadores de Minas: o desditoso inconfidente Cláudio Manuel da Costa, Diogo de Vasconcelos e o Cônego Raimundo Trindade, todos eles marianenses. O primeiro, com seu Fundamento Histórico, veio a se tornar o primeiro historiador mineiro, revelando fatos ocorridos pouco antes, baseado em dados e informações da época aos quais tinha acesso fácil, na sua condição de secretário do governador. Diogo de Vasconcelos, graças à sua prodigiosa memória aos fundamentos da tradição oral e a alguma pesquisa, tornou-se, com a História Antiga de Minas Gerais e, posteriormente, com a História Média de Minas Gerais, um dos pilares básicos da historiografia mineira.” In Geraldo Barroso de Carvalho ihgmg.org.br.
Obras
A Semana Santa - S. Paulo- 1916;
Monografia Histórica de Barra Longa - 1917;
Genealogias Mineiras – Ponte Nova - 1923;
Efemérides da Arquidiocese de Mariana - Mariana – 1928;
Arquidiocese de Mariana: subsídios para sua história (2 volumes) - S. Paulo – 1928-1929;
A família Pontes - Ponte Nova- 1934;
Andradas e Biografia de Dom Silvério (1940);
Garcias Velhos, Campos, etc (1942);
Genealogia da Zona do Carmo - 1943;
Titulares de Igrejas e Patronos de Lugares e Ascendentes e Colaterais de Tiradentes (1944);
Criação do Bispado de Mariana, Breve Notícia dos Seminários de Mariana e São Francisco de Assis de Ouro Preto (1951);
Um Pleito Tristemente Célebre nas Minas do Século XVIII (1957);
Velhos troncos mineiros - São Paulo, 1955, 3 volumes;
A Igreja de São José de Ouro Preto, A Igreja das Mercês de Ouro Preto e Cômputo Eclesiástico, de publicação póstuma.
Dirigiu, entre 1923 e 1944, o Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana, sendo responsável por sua organização. Foi, também, o primeiro diretor do Museu da Inconfidência em Ouro Preto, aposentando-se desta função em 1959.