2º Passeio Cultural de 2024
Comunidades de Santa Quitéria, Caetano Lopes, Barra de Santo Antônio e Esmeril, em Congonhas e Jeceaba.
Comunidades de Santa Quitéria, Caetano Lopes, Barra de Santo Antônio e Esmeril, em Congonhas e Jeceaba.
Os Associados do Instituto Histórico e Geográfico de Congonhas, da Academia de Ciências, Letras e Artes de Congonhas (ACLAC) e convidados, participaram neste sábado (13) do 2º Passeio Cultural realizado pelo IHGC na região entre as comunidades de Santa Quitéria, Caetano Lopes, Barra de Santo Antônio e Esmeril, pertencentes aos municípios de Congonhas e Jeceaba.
O objetivo desse passeio foi o de visitar e conhecer as capelas existentes nessas localidades, apresentadas pelos seus moradores e sua importância histórica para a região de Congonhas e Jeceaba.
E foram momentos maravilhosos que irradiaram a amizade e a troca de conhecimentos entre os participantes.
Em Santa Quitéria fomos recebidos pela Senhora Maria Luiza (Mãe da Confreira Regiana Luiza) que nos brindou com um delicioso café com quitandas, para nosso deleite, que estava simplesmente maravilhoso.
Em seguida fomos conhecer a capela devotada à Santa Quitéria, suas origens e a lenda do milagre ocorrido após a invocação da santa.
Tal episódio teria acontecido em 05 de abril de 1734, e segundo a lenda, dois rapazes viajando pela estrada que liga o distrito do Redondo (atual distrito do Alto Maranhão) à Santa Quitéria, tiveram sério desentendimento e um deles, munido de uma faca fez menção de esfaquear seu desafeto, ao que este prontamente invocou o auxílio da Santa. De imediato o braço do agressor se paralisou impedindo a consumação do crime. Por este milagre, Manoel Mendes de Souza, português, o abençoado da referida santa e dono de vasta extensão de terras na localidade, prometeu-lhe erguer um templo sob sua inspiração, donde surgiu então a capela de Santa Quitéria e consequente denominação do vilarejo, hoje bairro de Congonhas.
Curiosamente a capela se localiza na margem esquerda do rio Paraopeba, portanto, dentro dos limites do município vizinho de Jeceaba. A maior parte do bairro de Santa Quitéria pertence a Congonhas.
Em seguida a comitiva seguiu para o distrito de Caetano Lopes, pertencente a Jeceaba, onde tivemos a oportunidade de contemplar a foz do rio Maranhão, em seu deságue no rio Paraopeba. Ainda em Caetano Lopes conhecemos a capela devotada à Santa Isabel, edificada em 1931, e a estação ferroviária do Distrito, inaugurada em 1914, e que tinha o primitivo nome de "estação de Suassuhy", por servir na época ao distrito de "São Braz do Suassuhy". Seu nome atual - Engenheiro Caetano Lopes - homenageia um engenheiro que foi Diretor da Central, em 1922, Caetano Lopes Junior. Em 1928, a estação já tinha o nome atual. E é no distrito de Caetano Lopes que a linha férrea atravessa pela primeira vez o rio Paraopeba, fazendo jus ao nome do ramal férreo, que é conhecido por "Ramal do Paraopeba", ligando a localidade de Joaquim Murtinho a Belo Horizonte.
Tanto em Santa Quitéria como em Caetano Lopes tivemos o auxílio da Sra. Ana Machado e do Vereador jeceabense Denílson Oliveira que nos deram preciosas informações acerca das duas capelas, do distrito de Caetano Lopes e das ações para o tombamento da estação ferroviária de Caetano Lopes em patrimônio municipal.
Em seguida, seguimos para o "salto do Paraopeba", local onde os municípios de Jeceaba, Belo Vale e Congonhas se "encontram", separados pela magnífica queda d'água do rio Paraopeba. Do alto do "morro do Silicoso" contemplamos a beleza espetacular do lugar e que pode se tornar um grande ponto atrativo turístico da região.
O próximo destino foi visitar o Esmeril, um dos pontos habitados de maior altitude do município de Congonhas e que reserva uma visão panorâmica espetacular. Lá fomos recebidos pelo vice-prefeito de Congonhas, Paulo Roberto Policarpo, que gentilmente nos conduziu pela capela devotada à Maria Santíssima, edificada (provavelmente) na década de 1930, próxima da qual corre o córrego Esmeril, que possui, mais abaixo em seu curso, alguns resquícios da mineração de aluvião e tabuleiro de origem setecentista, que sofreu provável continuação durante os séculos XIX e XX.
Atrás da capela existe um cruzeiro - ponto mais alto do lugar, e de onde se tem uma visão privilegiada, que alcança municípios como Queluzito, Conselheiro Lafaiete, Ouro Branco, São Brás do Suaçuí, e claro, Congonhas.
Na localidade do Esmeril existe a Escola Municipal Mariana Seabra, instalada em fevereiro de 1939. Seu nome primitivo era Escola Municipal ”Rui Barbosa”, e somente em 1974 passou a ter a denominação atual, em homenagem à senhora Mariana Monteiro Seabra conceituada professora do Município de Congonhas, que lecionou durante muitos anos nesta escola.
O passeio cultural terminou na localidade da Barra de Santo Antônio. Lá fomos recebidos pela Senhora Jane Ercilia, moradora do local a mais de 5 décadas, que nos relatou as origens (é considerada a localidade mais distante do distrito sede de Congonhas), margeada pelo rio Paraopeba e "cortada" pela Ferrovia do Aço com seu magnífico viaduto ferroviário em curva.
Foi através de Ercília que tivemos acesso ao interior da capela devotada à Santo Antônio (e que no passado realizavam concorridos festejos juninos), e seu missal em latim editado ainda na primeira metade do século XIX. Uma raridade. Das mãos de Hugo Cordeiro (Diretor de Patrimônio e associado do IHGC) e de Ronaldo Lourdes (membro da Diretoria de Patrimônio), Ercília recebeu o Inventário da história da comunidade da Barra de Santo Antônio, um marco que poderá, em momento futuro, levar a comunidade ao seu devido reconhecimento.
Ao visitarmos a Barra de Santo Antônio, ficou evidente as dificuldades enfrentadas por seus moradores durante décadas: acesso ruim, pouco investimento do Poder Público, passarela em péssimo estado de conservação sobre o rio Paraopeba e, pasmem: não tem água encanada. Falta água. Existe um poço artesiano que não supre as necessidades de seus moradores. Até o posto médico tem restrições devido à falta d'água. Triste realidade alí testemunhada.
Foram momentos de aprendizado, companheirismo e o vislumbrar de novas possibilidades nos locais visitados.
Que venham os próximos passeios!
Fotos: Hugo Cordeiro, Matheus Velozo, Jonathan Reis, Maria da Paz, Regiana Luiza Gonçalves e Guilherme Fontainha.